quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Sindicalista demitido em Caetité: Confira carta de desabafo e solidariedade escrita por um bancário


Alguns  porquês da  negação à demissão injusta do trabalhador e sindicalista Lucas. Uma escrita sentida e a necessidade de ir à rua

Florival José Bomfim Junior* e Jaíra Capistrano**

            Imperioso realizar uma análise além do individual ou pessoal na demissão sem justa causa, ou melhor, abusiva do companheiro sindicalista Lucas da Indústrias Nucleares do Brasil- INB. Em um quadrante primeiro cristalino, sem dúvida que a demissão é indevida, injusta, ilegítima e ilegal. Não somente atinge e violenta o trabalhador sindicalista, a sua pessoa no seu ser trabalhador, mas no seu derredor e na sua família. Em essência agride de forma repulsiva, antidemocrática e aética, a alma da instituição orgânico-trabalhista do sindicato. São somas adjetivas concretas que se somadas chegaria a um núcleo de dor e violência tempestuosos. Neste processo perverso, o coletivo, o corpo orgânico institucional da representação trabalhista, de grande historicidade obreira, encontra-se desprezado, vilipendiado, visceralmente agredido.

            O indignar-se com a injusta e violenta demissão do sindicalista Lucas, sente-se e vai muito mais do indignar-se com o seu arrasado estado emocional, a sua dor pessoal, física e psicológica. É nas corredeiras das correntes de dores, no campo das lutas legitimas dos operários, que brota o indignar-se com a violência ao todo, com a forte e agressiva pancada ao organizar legitimo e solidário dos trabalhadores. Encontra-se ferida, neste nefasto demitir, a sociedade política, toda e qualquer forma de organização coletiva de essência participativa e verdadeiramente democrática. Neste real e contemporâneo embate entre capital e trabalho, os sindicatos e demais instituições de base encontram-se apedrejados. Nesta prática, do medo, da mentira, do assédio, da discriminação, encontra-se concretamente rasgada a carta magna e todos os seus dignos e formais princípios.

            Na multiplicidade que agride o trabalhador, as organizações coletivas e a humanidade, encontra-se a mão invisível do mercado, do lucro, do egoísmo, do governo neoliberal de matriz capitalista, contra as visíveis mãos do trabalhador que resiste e resiste: à violência no trabalho, a corrupção e desvios de recursos, os assédios, as condições insalubres e periculosas, as ameaças veladas. E mais. Resiste ao caldo mortal do urânio no teu corpo, na tua alma e no corpo e alma dos teus, dos seus e dos outros trabalhadores, e de forma una de toda uma geração presente e futura.

            Em tais circunstâncias vis do liberal capital, a criatura operária pelo seu conteúdo representa a classe dos trabalhadores, a organização imprescindível do ser coletivo, um ser não dado, mas material e dialeticamente transformado, historicamente construído, onde nesta categoria repousa a dignidade do todo, dos trabalhadores,  a classe em sua movimentação solidária, de interesse de classe, no seu mais legitimo processo de resistência.
                                  
            Escrever em dor solidária no caos concreto em cidade de caldo cultural, é muito pouco. Derramar lágrimas em silêncio é somente sentir, grande sem dúvida, é conclamar todas as organizações de classe das Cidades, dos Estados e do País e em um movimento solidário, revolucionário, e de fato, além da denúncia nos foros institucionais da superestrutura, marchar para frente da INB, e estancar a produção, gritar, lutar, conversar com cada trabalhador da unidade, até que se faça justiça, respeito e diálogo à classe trabalhadora deste país.

            Força camarada Lucas! Homens fortes, destemidos e resistentes como você, foram marcados com sangue pela ousadia de arrostar o sistema, mas marcaram a História vivida e construída sem negociar marcos da decência e da consciência da classe que trabalha.  Esta, inexoravelmente, promoverá a superação pelo trabalho frente à sua dialética com o capital.

           Eis a tarefa histórica que cabe, singularmente, ao trabalho que mais que oportunamente conclama:

                                             Trabalhadores, à união!!!!!!

* Florival é advogado e Diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia
** Jaíra é advogada e professora do curso de Direito da Ucsal