Há vários dias os trabalhadores dos Correios realizam uma de suas maiores greves. Nossa central, a CSP-Conlutas, tem estado ao lado de cada piquete, de cada mobilização, assembleia ou passeata e temos sentido uma enorme disposição dessa categoria.
Fortalecer a luta – Mais do que nunca é necessário fortalecer essa greve. A cada dia a indignação aumenta, tendo em vista o forte ataque do governo e da empresa contra os trabalhadores. Essa ofensiva se explica, em primeiro lugar, pela política econômica do Governo Dilma que visa garantir os seus compromissos com o pagamento dos juros e serviços da dívida pública.
Na greve, os trabalhadores ecetistas tem se enfrentado diretamente contra o presidente da empresa, Wagner Pinheiro e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo que vem tratando de maneira sórdida a categoria. Publicam números e declarações que menosprezam a greve, determinam o corte de ponto dos trabalhadores e, como fazem os mais truculentos patrões do setor privado dizem que não negociam em greve. Um absurdo!
Fica cada vez mais evidente que a postura do presidente da empresa e do ministro das Comunicações tem relação e sustentação política nas opiniões e forma de governar da presidente Dilma Rousseff (PT), afinal no meio desse processo foi ela que, com apoio dos deputados do PT e do PC do B, entre outros, sancionou a MP-532 que cria o Correios S/A, na prática a privatização de um patrimônio do povo brasileiro. Nossa luta, portanto, é uma batalha contra esse governo.
Se o Brasil cresceu, o ecetista quer o seu; aumento real já!
Correios, os bancos, a Petrobras, as montadoras, a construção civil, o setor de mineração e inúmeros outros setores do empresariado brasileiro seguem comemorando lucros recordes. Enquanto o governo lhes dá bilhões em isenção de impostos, anuncia cortes de R$ 50 bilhões no orçamento, nega reajuste aos servidores públicos e aumenta em R$ 10 bilhões seu compromisso com tal superávit primário, ou seja, mais dinheiro para a banca internacional.
A greve dos trabalhadores dos Correios é uma resposta a essa política, reflete uma compreensão de que “se o Brasil cresceu, o trabalhador quer o seu!”. É também uma luta contra a sobrecarga de trabalho, uma luta contra a privatização da ECT. Por isso, seguiremos ombro a ombro fortalecendo essa greve e exigindo que o governo atenda as reivindicações da categoria e garanta aumento real já!
Unir ecetistas, bancários e petroleiros numa mesma batalha, afinal o patrão é o mesmo, o Governo Dilma.
A CSP-Conlutas faz um chamado a todas as direções das categorias em luta para que busquemos unificar as nossas forças no enfrentamento contra o governo e os banqueiros. Ainda que concordamos com os companheiros da FNTC (Frente Nacional dos Trabalhadores dos Correios) quando afirmam que “a maioria das direções dos sindicatos governistas não queriam a greve, bem como a direção majoritária da FENTECT (CUT/CTB)”, vimos que os trabalhadores superaram sua direção e estão agora em meio a uma greve fortíssima e a nossa tarefa é fortalecer a unidade para derrotar o governo.
Unificar as categorias em luta!
As principais campanhas salariais do segundo semestre estão no auge. Bancários e trabalhadores dos Correios estão em greve. Contudo, podíamos ter campanhas muito mais fortes. Os bancários deflagraram paralisação porque estão indignados com os lucros dos banqueiros contra os baixos reajustes oferecidos, mas a direção governista (CUT) queria uma saída que lhes permitisse evitar um enfrentamento com os banqueiros e com o governo Dilma.
Na Petrobrás, as negociações mal começaram e a FUP (CUT) aceitou uma antecipação apenas do valor da inflação. Lamentável! Isto joga contra a luta.
A nossa tarefa é unir todos contra os banqueiros, os patrões e o governo; fortalecer as greves e unificar as nossas ações. Construir atos, passeatas e mobilizações unificadas pra derrotá-los e arrancar as nossas conquistas. Para isso é necessário romper com o governo, resgatar a independência política e financeira frente a eles e apostar na ação direta de nossa classe. A CSP-Conlutas seguirá a disposição desses trabalhadores em luta.
Mulheres ecetistas precisam fortalecer a mobilização!
O salário das mulheres ecetistas não cresceu com o mesmo ritmo do aumento de seu trabalho. Desde 2007, o número de trabalhadores contratados pela empresa vem diminuindo a cada ano e da década passada para cá, a quantidade de objetos distribuídos por trabalhador da empresa de Correios também não parou de aumentar.
Quanto mais precarizado o trabalho, mais mulheres fazem parte da categoria. O machismo e o preconceito fazem com que as mulheres tenham as piores condições de trabalho e os piores salários e sujeitas a situações de assédio moral e sexual nos locais de trabalho. Já está sendo feita a batalha para exigir que a ECT garanta punição, mas ainda são inúmeros os casos em que nada acontece e as trabalhadoras têm que levar para casa o desgosto da humilhação e do constrangimento.
Combinar esse trabalho duro com as responsabilidades domésticas que são impostas as mulheres é muito difícil. Estas realizam todos os dias uma dupla jornada de trabalho e não recebem nenhum direito que acabe com essa situação. Nessa campanha, a categoria ecetista está reivindicando o “auxílio creche” para todos os filhos e filhas até o sétimo ano de vida e a transformação desse auxílio em “auxílio educação” após esse período.
Essa batalha é muito importante, porque a dificuldade em garantir a matrícula dos filhos (as) em creches ou escolas é um dos maiores motivos que fazem as mulheres largarem o emprego. Essa situação não pode continuar!
A primeira presidenta mulher do país está tratando as ecetistas com muito desrespeito, pois além de não garantir o reajuste dos trabalhadores dos Correios e seus direitos está orquestrando a criação da Correios S.A., cuja conseqüência vai ser mais precarização, terceirização e menos direitos. Mesmo sendo mulher, Dilma virou inimiga das trabalhadoras dos Correios.
A força da luta das mulheres tem condições que fazer a greve ficar cada vez mais forte. Não podemos deixar o machismo e o preconceito dividir a categoria, precisamos unir mulheres e homens ecetistas contra o governo, verdadeiro inimigo que discrimina as mulheres e explora todos os trabalhadores.