Depois de 8 dias de greve e de muita insistência, os bancários de São Paulo conseguiram, na assembléia de 05/10, apresentar propostas que expressassem a vontade da base.
A diretoria do sindicato, majoritariamente composta pela Articulação/CUT, usualmente se esconde atrás de um pelotão de seguranças, e do alto do palco da quadra dos bancários, se arroga o direito de abrir ou não inscrições, encaminhar ou não as propostas. Quando são abertas inscrições, dezenas de diretores se inscrevem, e diante de um número “inviável” de falas, a mesa “sorteia” 5 felizardos para falar. Os componentes da CUT sorteados usam o tempo para repetir as mesmas orientações já veiculadas exaustivamente pela mesa.
Os bancários que estão na base, no dia a dia dos piquetes, usaram seu tempo para fazer propostas para que o movimento avance.
1) Carta à presidenta Dilma pedindo abertura de negociações. Hoje o governo federal é o principal empecilho para as negociações tanto dos bancários como dos correios. A carta à Dilma é uma forma de pressionar o governo a voltar à mesa de negociação para atender as demandas dos trabalhadores.
2) Passeata conjunta com outros setores em greve como correios e judiciário federal. O objetivo é utilizar esta unidade para ampliar a pressão sobre o governo, repetindo o sucesso da passeata de sexta-feira passada.
3) Utilização da Folha Bancária (jornal do sindicato) como instrumento para organizar e fortalecer nossa luta, divulgando todas as propostas feitas pelos diversos bancos, bem como os acordos fechados nas assembléias pelo país. BRB, Banrisul e Banpará já fizeram propostas, em muitos aspectos superiores até mesmo à pauta apresentada pela CONTRAF-CUT à Fenaban, mas elas não são divulgadas pelo sindicato, nem na Folha Bancária, nem no site da entidade. Devemos utilizar este jornal também para denunciar os gerentes assediadores, citando seus nomes, começando pelo gerente-geral do CSL (Banco do Brasil), Sr. Leonel Prado de Moraes, já famoso pela prática de assédio sistemático (na Folha Bancária de 06/10, já está estampado o nome deste gerente).
4) Não aceitar propostas que tragam o desconto dos dias parados ou sua compensação. O governo Dilma decidiu atropelar o direito de greve e, frente a qualquer greve, está pressionando pelo desconto dos dias parados para desmoralizar os grevistas. Foi o que tentou fazer nos correios, mas as assembléias não aceitaram. Por isso esta questão se transformou em estratégica para nossa luta hoje e nos anos vindouros.
5) Estabelecer o horário de 16h para as assembléias, e apreciar a proposta econômica da FEBANAN em assembléia unificada. O objetivo é dificultar a vinda de setores que não estão em greve e que só aparecem para votar pela aceitação da proposta. Também o objetivo é que lutemos e decidamos juntos sobre a proposta da FENABAN.
A diretoria do sindicato, por pressão da base, aceitou as três primeiras propostas, mas se opôs às duas últimas e perdeu as duas votações. Gostaríamos de reafirmar a importância destas duas propostas. Na verdade o que está em jogo é o direito de greve. O desconto dos dias parados que o governo quis impor nos correios, o interdito proibitório que o BB foi o primeiro a utilizar, o envio de centenas de fura-greves para as assembléias para terminar com as greves são práticas anti-democráticas que temos que combater.
Na votação da proposta sobre o desconto dos dias parados, a mesa retirou sua oposição após perder a votação. No entanto, na segunda, sobre o horário das assembléias e sua unificação, a diretoria perdeu a votação, mas não reconheceu o resultado, e se recusou a contar os votos. E, de forma absurdamente anti-democrática, encerrou a assembléia.
A falta de democracia acabou levando a um conflito ao final da assembléia. A truculência da diretoria do sindicato foi desnecessária. A melhor forma de garantir nossa unidade é discutir as propostas, votá-las e, se há dúvidas, contar os votos. Que vença a melhor. Atropelar o processo democrático por perder uma votação só leva à divisão e ao enfraquecimento.
Os bancários presentes, dando mostras de disposição de luta e organização, permaneceram reunidos para garantir o cumprimento das propostas votadas! Bancários independentes em conjunto com as correntes de oposição discutiram democraticamente e de forma unitária as tarefas necessárias para fortalecer a greve. Os trabalhadores tomaram a luta em suas mãos!
A vitória da greve é uma necessidade de todos nós. Continuaremos a ir às assembléias após os piquetes para lutarmos por um espaço democrático onde todos possamos discutir e decidir os rumos do nosso movimento. Chamamos todos os bancários em greve a fazer o mesmo. A próxima assembléia ainda não está marcada. Devemos permanecer em alerta e, quando convocada a assembléia, comparecermos todos para fazer valer a nossa vontade!
- Pela vitória dos bancários! Pelo atendimento de todas as reivindicações!
- Vamos encaminhar a passeata conjunta dos setores em greve!
- Não ao desconto dos dias parados ou sua compensação!
- Assembléias sempre às 16h!
- Assembléia conjunta para deliberar sobre a proposta da Fenaban e assembléia específica para os acordos específicos!
Assinam esta nota:
Bancários independentes
Coletivo Avesso (Intersindical)
Coletivo Bancários de Base
Movimento Nacional de Oposição Bancária – MNOB (CSP-Conlutas)