Alguns porquês da
negação à demissão injusta do trabalhador e sindicalista Lucas. Uma
escrita sentida e a necessidade de ir à rua
Florival
José Bomfim Junior* e Jaíra Capistrano**
Imperioso realizar uma análise além
do individual ou pessoal na demissão sem justa causa, ou melhor, abusiva do
companheiro sindicalista Lucas da Indústrias Nucleares do Brasil- INB. Em um
quadrante primeiro cristalino, sem dúvida que a demissão é indevida, injusta,
ilegítima e ilegal. Não somente atinge e violenta o trabalhador sindicalista, a
sua pessoa no seu ser trabalhador, mas no seu derredor e na sua família. Em
essência agride de forma repulsiva, antidemocrática e aética, a alma da
instituição orgânico-trabalhista do sindicato. São somas adjetivas concretas
que se somadas chegaria a um núcleo de dor e violência tempestuosos. Neste
processo perverso, o coletivo, o corpo orgânico institucional da representação
trabalhista, de grande historicidade obreira, encontra-se desprezado,
vilipendiado, visceralmente agredido.
O indignar-se com a injusta e
violenta demissão do sindicalista Lucas, sente-se e vai muito mais do
indignar-se com o seu arrasado estado emocional, a sua dor pessoal, física e
psicológica. É nas corredeiras das correntes de dores, no campo das lutas
legitimas dos operários, que brota o indignar-se com a violência ao todo, com a
forte e agressiva pancada ao organizar legitimo e solidário dos trabalhadores.
Encontra-se ferida, neste nefasto demitir, a sociedade política, toda e
qualquer forma de organização coletiva de essência participativa e
verdadeiramente democrática. Neste real e contemporâneo embate entre capital e
trabalho, os sindicatos e demais instituições de base encontram-se apedrejados.
Nesta prática, do medo, da mentira, do assédio, da discriminação, encontra-se
concretamente rasgada a carta magna e todos os seus dignos e formais
princípios.
Na multiplicidade que agride o
trabalhador, as organizações coletivas e a humanidade, encontra-se a mão
invisível do mercado, do lucro, do egoísmo, do governo neoliberal de matriz
capitalista, contra as visíveis mãos do trabalhador que resiste e resiste: à
violência no trabalho, a corrupção e desvios de recursos, os assédios, as
condições insalubres e periculosas, as ameaças veladas. E mais. Resiste ao
caldo mortal do urânio no teu corpo, na tua alma e no corpo e alma dos teus,
dos seus e dos outros trabalhadores, e de forma una de toda uma geração
presente e futura.
Em tais circunstâncias vis do
liberal capital, a criatura operária pelo seu conteúdo representa a classe dos
trabalhadores, a organização imprescindível do ser coletivo, um ser não dado,
mas material e dialeticamente transformado, historicamente construído, onde
nesta categoria repousa a dignidade do todo, dos trabalhadores, a classe em sua movimentação solidária, de
interesse de classe, no seu mais legitimo processo de resistência.
Escrever em dor solidária no caos
concreto em cidade de caldo cultural, é muito pouco. Derramar lágrimas em
silêncio é somente sentir, grande sem dúvida, é conclamar todas as organizações
de classe das Cidades, dos Estados e do País e em um movimento solidário,
revolucionário, e de fato, além da denúncia nos foros institucionais da
superestrutura, marchar para frente da INB, e estancar a produção, gritar,
lutar, conversar com cada trabalhador da unidade, até que se faça justiça,
respeito e diálogo à classe trabalhadora deste país.
Força camarada Lucas! Homens fortes,
destemidos e resistentes como você, foram marcados com sangue pela ousadia de arrostar
o sistema, mas marcaram a História vivida e construída sem negociar marcos da
decência e da consciência da classe que trabalha. Esta, inexoravelmente, promoverá a superação
pelo trabalho frente à sua dialética com o capital.
Eis a tarefa histórica que cabe,
singularmente, ao trabalho que mais que oportunamente conclama:
Trabalhadores, à união!!!!!!
* Florival é advogado e Diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia
** Jaíra é advogada e professora do curso de Direito da Ucsal