sábado, 24 de setembro de 2011

Bancária da Caixa desmistifica informações de O Globo sobre a categoria



Ana Maria Leite Paulo *

http://www.bancariosma.org.br/paginas/noticias.asp?p=2243

SÃO PAULO - Há poucos dias li um artigo no jornal “O Globo” afirmando que as distorções salariais dos servidores públicos já haviam sido corrigidas nos últimos anos e que estava na hora de os servidores públicos da CAIXA, PETROBRÁS, BB, dentre outros, darem a contrapartida liberando o dinheiro público para investimentos. Numa única reportagem, aparecem vários equívocos. Primeiramente, os empregados dessas empresas não se enquadram na categoria de servidor público. Em segundo lugar, os empregados dessas instituições dão sim, todos os anos, sua contrapartida, gerando milhões de reais em lucros que são repassados diretamente para o Tesouro Nacional.

Como o momento é de reajuste da categoria bancária, analisemos apenas os lucros dos dois bancos citados. Nos últimos cinco anos (2006-2010), o BB gerou lucros de R$ 41,752 bilhões, e a CAIXA, lucros da ordem de R$ 15,59 bilhões, no mesmo período. Não nos esqueçamos que a CAIXA é a grande executora dos programas sociais do Governo Federal, logo seu foco principal não é o lucro.

O outro grande equívoco da reportagem citada é com relação à suposta alegação de que as distorções salariais já teriam sido corrigidas.

Para desmistificar essa idéia, basta verificar que a inflação dos últimos 15 anos (1995-2010) foi de 220,4%., enquanto que o empregado da CAIXA teve aumento de apenas 85,6% no mesmo período. Os salários do pessoal da CAIXA, portanto, sofreram uma defasagem de 134,8% pelo índice oficial do governo.

O salário mínimo, por outro lado, foi contemplado com reajustes recordes de 445% no mesmo período, tendo superado a inflação em 224,6 %.

Para não atrelarmos o valor do salário da CAIXA apenas ao salário mínimo, compare-mo-lo com o preço do sanduíche Big Mac que é coletado e utilizado pela revista The Economist para a construção do índice Big Mac que serve para aferir o grau de valorização das moedas ao redor do mundo. Nos últimos quinze anos, o preço do Big Mac subiu, no Brasil, 392,56%, portanto, 172,16% acima da inflação. Usando essa referência, um empregado da CAIXA podia comprar 413,22 Big Macs, por mês, em 1995. Hoje, ele compra apenas 195,45 Big Macs/mês.

Fica demonstrado assim, que os salários dos empregados da CAIXA sofreram enorme defasagem nos últimos quinze anos. É bom lembrar que quinze anos, representam praticamente metade do tempo de serviço para a aposentadoria e que, normalmente, nesse tempo avança-se na carreira, ocupando–se funções que exigem cada vez mais responsabilidades. O que se vê, no entanto, é que o crescimento do salário do empregado da CAIXA não correspondeu ao acúmulo de experiências e à passagem do tempo.

Assim, ao ler a referida reportagem, não pude deixar de lembrar a famosa frase que diz que “uma mentira dita muitas vezes se torna uma verdade”. Ainda bem que existem os dados para comprovar a verdade: os bancários da CAIXA continuam sofrendo uma enorme defasagem salarial. Precisamos lutar para conseguirmos reaver um pouco da nossa dignidade e a justa retribuição pelos serviços prestados à sociedade.

Qual a única forma de sermos ouvidos? Fazendo greve!

*Ana Maria Leite Paulo é empregada da Caixa Econômica Federal e Pós-Graduada em Administração Financeira.