domingo, 2 de outubro de 2011

Ato unifica bancários e trabalhadores dos Correios


• Uma grande manifestação agitou o centro da capital paulista, na tarde desse dia 30 de setembro. Apesar do tempo seco e do forte calor, o ato reuniu cerca de 4 mil pessoas. O protesto reuniu três categorias em greve: trabalhadores dos Correios, bancários e servidores da Justiça Federal. Os funcionários da estatal de serviços postais estão parados desde o dia 13 de setembro. Já os bancários cruzaram os braços no dia 27 e os servidores do judiciário decidiram parar nesse dia 30.

Ombro a ombro

Os trabalhadores dos Correios se concentraram em frente ao prédio histórico da empresa no vale do Anhangabaú. A poucos metros dali, os bancários se reuniam próximo ao prédio do Banco do Brasil. Por volta das 16h os funcionários dos Correios e os servidores do Judiciário subiram em direção à Av. Líbero Badaró e se juntaram aos bancários. Duas ondas humanas, uma amarelo e azul, dos uniformes dos Correios, e outra vermelha, dos coletes de greve dos bancários, se misturaram para seguirem em uma grande passeata pelas ruas do centro. “A greve continua; Dilma a culpa é sua” era uma das principais palavras de ordem cantadas pelos manifestantes. Os grevistas seguiram em passeata até a Praça da Sé e retornaram ao Anhangabaú.
Se as categorias são diferentes, o motivo pelo qual lutam é o mesmo. Salários rebaixados e corroídos pela inflação e péssimas condições de trabalho. Outro obstáculo que são obrigados a enfrentar é a intransigência nas negociações. No caso dos Correios, o governo orientou o corte nos pontos dos grevistas e entrou na Justiça contra a greve. Já os bancários enfrentam os ‘interditos proibitórios’ pedidos pela direção dos bancos públicos, que estão à frente dos banqueiros privados no enfrentamento contra a greve.


Governo corta salário nos Correios

Apesar das sucessivas tentativas de intimidação realizadas pelo governo e a direção da estatal, a greve continua forte. “Nesse dia 29 houve novas negociações, dois mil companheiros de Brasília ocuparam o prédio dos Correios, mas não se chegou a um acordo porque a empresa só reafirmou a proposta que já vinha fazendo”, afirmou Geraldo Rodrigues, o Geraldinho, dirigente da Frente Nacional dos Trabalhadores dos Correios (FNTC) e da CSP-Conlutas. A proposta da empresa prevê reajuste apenas em 2012.
O dirigente ainda criticou o desconto dos dias parados. “É uma atitude truculenta, o governo não respeitou nem os estados que ganharam liminar contra o desconto nos salários, algo que nunca tinha acontecido nos Correios” disse. O governo descontou seis dias dos trabalhadores em greve.
No próximo dia 4 de outubro os trabalhadores dos Correios organizam caravana a Brasília a fim de pressionar o governo pelo avanço nas negociações. Além de reajuste já e o não desconto dos dias parados, eles exigem o veto de Dilma à MP-532, que abre o capital da estatal e inicia o processo de privatização da empresa.


Bancários fazem forte greve

Se os funcionários dos Correios enfrentam o corte nos dias parados, os bancários batem de frente com a intransigência dos bancos, principalmente os bancos públicos como o Banco do Brasil, e os interditos proibitórios, mecanismos jurídicos utilizados pelas instituições para coibirem piquetes. Nessa linha de intransigência e truculência, o governo saiu na frente dos banqueiros.
“Antes mesmo de começar a greve, o governo já vinha com uma linha mais dura, se antecipando aos próprios banqueiros o governo já começou dizendo que não daria reajuste”, denuncia Juliana de Oliveira, bancária do Banco do Brasil e membro do Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB), ligado à CSP-Conlutas. Eles exigem reajuste e contratação de mais funcionários.
Juliana critica ainda a direção majoritária dos sindicatos, ligada à CUT que, não só demorou para chamar a greve, como apresentou uma pauta de reivindicação extremamente rebaixada. “Nossa greve começou esse ano mais forte que a do ano passado, mas ela poderia ser ainda maior” , destacou. Juliana lembrou ainda das conquistas dos bancários de bancos como o Banpará e o BRB para mostrar que é possível arrancar o reajuste, ampliando a greve e unificando as lutas com as das demais categorias mobilizadas.

Em Salvador

Na última sexta-feira (30 de setembro) foi realizada a passeata unificada das categorias em greve em Salvador, seguindo a política da CSP-Conlutas de construção de atividades com os trabalhadores dos correios e os bancários. Os bancários se concentraram na frente do sindicato dos bancários e seguiram pela avenida Sete de Setembro. O encontro com os trabalhadores dos correios foi na Praça da Piedade. De lá seguimos juntos até a Praça Castro Alves. Cerca de 300 pessoas estavam na passeata, entre a base de correios e de bancários, representantes das centrais sindicais e os sindicatos (Bancários, Correios, Construção Civil da Bahia) e oposições sindicais (MNOB-BA e oposição SISPEC).

A CSP-CONLUTAS e o MNOB BA esteviveram presentes na passeata. Distribuímos o boletim da CSP-CONLUTAS que aborda o tema da unidade entre as categorias em greve. O MNOB BA fez uma fala que trouxe os seguintes pontos: a intransigência do governo Dilma, a relação entre o governo e os banqueiros, os ataques do governo, a necessidade de outras iniciativas que unifiquem as lutas das categorias contra os ataques do governo Dilma.